Alô! Hola! Hello! Hallo!
Já contei na última newsletter, mas a ocasião merece mais um lembrete: Minha banda do coração Quartabê fará o último show do álbum “Lição #2: Dorival” em São Paulo. Será dia 22/08, próxima terça-feira, no Teatro das Artes em São Paulo, que fica dentro do Shopping Eldorado. Você pode comprar ingressos aqui neste link.
É o último, porque em breve também entramos em estúdio para gravar nosso novo trabalho, a ser lançado ano que vem. A partir daí, nosso show vai mudar para apresentar o repertório novo. Mas esse ano ainda tem Lição #2 pelo mundo: em setembro e outubro faremos uma turnê na Europa para lançar o disco em LP, que sai pelo selo Fun in The Church- selo dos meus discos “EROSÃO” e “1976”, além de "Skultura”, do parceiro Nick Dunston, do qual participo.
(bizarramente, o selo tem dois discos chamados “1976” no catálogo, lançados mais ou menos ao mesmo tempo. Eu não tinha muita alternativa, afinal “1976” é o nome do filme do qual o disco é a trilha original. Aliás, já viu 1976 na Netflix?)
“Lição #2: Dorival” é fruto de um trabalho cuidadoso e paciente de pesquisa e criação. Cada nota do disco, cada frase rítmica ou melódica vem do Dorival- de suas canções, mas também de seu violão. O tempo do disco, sua forma, seus silêncios, seus andamentos, suas modulações métricas, são uma tentativa de se aproximar do tempo tão particular em Caymmi, da liberdade que ele emprega em acelerar, ralentar, rubatear, sempre em sintonia com a melodia e com o significado do que está cantando. Também tentamos, ao longo do processo, imitar a falta de pressa de Dorival, que, em média, compôs uma canção por ano ao longo de sua longa vida. Nossa Lição #2 um trabalho que tomou seu tempo, em ilhas de concentração, rodeadas de decantamento.
Ao longo da viagem, estávamos quase sempre acompanhadas da cartunista Deborah Salles, que fez toda a identidade visual do trabalho e registrou nosso processo criativo num lindo gibi, vendido exclusivamente em nossos shows. Deborah foi indicada ao Grammy Latino 2019 por esse trabalho. Perdemos para Rosalía.
Se o show “Lição #2: Dorival” segue a exata estrutura musical do disco, é também uma obra à parte e em si mesma. Muito por conta do desenho de luz da Olívia Munhoz, absolutamente musical, fundamental para levar a atmosfera do disco ao palco; muito pela perfeição do desenho de som do Bruno Corrêa; e muito pelos figurinos alucinantes da ÃO da Marina Dalgalarrondo, inspirados nas vestimentas das Ama, pescadoras que mergulham livremente no Japão há milênios.
Poderia escrever textos e textos cabeçudos sobre “Lição #2: Dorival”, pois ele é um prato cheio para a análise. Se por um lado foi gerado através de inúmeras sessões de improvisação, também foi fruto de um trabalho poético meticuloso de seleção e descarte. Tudo ali é rastreável, tudo ali tem uma razão de ser, tudo ali remete ao nosso professor Caymmi e ao mar que ele nos ensina. Alguns amigos dizem que é um trabalho cerebral. Não nego. É cerebral mas também é cardíaco, porque corporal- aliás, como qualquer toda e qualquer música. No show, a gente fica sempre emocionada, e sente que o público, em sua maioria, também embarca com a gente. Essa emoção é indescritível; só dá pra sentir ao vivo.
Por isso, insisto, venham ao Teatro das Artes. Por algumas dezenas de minutos estaremos juntos, banda, equipe e público, numa espécie de suspensão do tempo, tal como a apneia de 2 minutos das Ama-San, caçando pérolas no fundo do mar.
(se por um acaso você estiver em dificuldades financeiras e não puder pagar o preço cheio do ingresso, escreva para mim respondendo a este e-mail. Temos uma lista limitada de ingressos a preço amigo.)
Cuidem-se!
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